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sábado, 14 de agosto de 2010


Baseado na observação de fatos reais, alguns meses atrás

Londres

O rapaz encontra a moça na biblioteca de uma tradicional universidade Londrina. Passa por ela três vezes antes de abordá-la. Toma coragem, senta-se ao lado e pergunta:

- Você por acaso sabe onde ficam a impressoras a laser?

A moça, que estava entretida com o vídeo do show da Madonna em Wembley, não entendeu. Afinal, as impressoras estavam a menos de dois metros de distância.

Diante da não boa desculpa, o moço confessou:

– Eu só queria um pretexto para falar com você. Vejo você aqui todo dia. Estuda aqui? Que curso está fazendo?

Enquanto as caixinhas de conversa do messenger pipocavam na tela do computador, a moça explicava:

- Sim, estudo. Faço um mestrado.

Legal! Estudo administração. Mas não aqui. Estudo na London School of Economics. Só venho aqui porque é mais tranqüilo, apesar de ser um bairro mais violento.

A moça, cuja referência de violência são fatos como os ataques do PCC na periferia de São Paulo e as barricadas que fecham a Linha Vermelha no Rio de Janeiro, não conseguia entender como um bairro que tem o índice de três assassinatos por ano podia causar tamanho alarme no imaginário de uma cidade em que vivem milhões de pessoas de todos os continentes. E limitou-se a responder, meio ‘lost in translation’:

- É… A biblioteca é boa mesmo. O bairro não é o que a gente costuma ver na TV quando o assunto é a Inglaterra…

O moço, que não tinha outro assunto para inventar, inventou que precisava estudar para os exames de fim de verão e se foi.

No dia seguinte, a cena se repetia. Ela, concentrada nas conversas virtuais. Ele, passava de cá para lá, de lá para cá. Até que ele parou e despejou:

- Olha, você vem sempre aqui que eu sei. E sei que sai sempre as oito da noite. Amanhã é sexta. Por que amanhã você não sai comigo e vamos jantar num vietnamita. Você gosta de spicy food?

- Gosto, claro. Vamos sim. Combinado. Amanhã às oito.
-
No dia seguinte, ele, como já de costume, passou pela mesmo computador na janela que ela sempre escolhia. Mas nada de moça, nem de janela (do windows) aberta na tela. Nada de conversa virtual, nem real, naquele dia. Ele esperou até as oito, oito e meia. E se foi.

Na segunda, a cena se repetia. Ela voltara a abrir as janelas do windows no computador da janela. Ele voltou a passar por ela. Desta vez, chegou por trás. Tocou o ombro da moça e disse:

- Você me deu um bolo na sexta, não? Me deixou aqui plantado esperando.

Ela tentou explicar. Tentou dizer que não tinha anotado o telefone dele. Que ele era quem tinha o número dela. E que ele, confiante no combinado, não tinha ligado para ela para reconfirmar. Ela tentou contar que teve de trabalhar na sexta à noite. Que às vezes trabalha sextas a noite, sábados, domingos, feriados, Natais, reveillons…Mas não teve tempo.
Ele se limitou a interromper e lançar:

- Claro. Que besta eu fui. Porque você iria querer sair comigo. Você deve ter pensado: “Eu não. Eu é que não sou louca de sair para jantar com um negão em plena Londres.” Porque sair comigo, não é? Eu sou só mais um negro. E você é branca, européia…

Ela, pela primeira vez, viu no moço um negro. Até então, ele era um moço bonito. Fez cara de confusa e disse:

- Você não me conhece! Não sabe de onde venho. Eu sou brasileira…

Ao ouvi-la proferir com voz carregada, e de fato sincera, ainda que um tanto ingênua, ele não a deixou terminar… E se lembrou da música que adorava dançar com os amigos brasileiros que tinha em Nova York, sua cidade natal, onde ele cresceu em ‘um lugar chamado Bronx’, e disse:

- Sim! Você é brasileira. Todo brasileiro tem sangue crioulo! Vocês têm olhos coloridos!!! Achei que você era italiana ou espanhola. Sabe como é… Muita gente aqui em Londres, e na Europa, é racista para c…. Mas você é brasileira. É outra coisa! Olha, vamos marcar de ir a um sound system aqui no sul e você vai se acabar de dançar funk, ska, reggae. Tem até um dia em que tem show de capoeira lá. Achei que você estava me esnobando. Mas já vi que a gente pode se divertir muito juntos. As brasileiras são funky, não são? Não ficam bancando as difíceis. Vocês são as mais funkies e hot mulheres do mundo! Se é que você me entende…

Ela entendeu. Ele, de moço bonito passou a moço gringo. Daqueles que acham que toda brasileira leva um chocalho amarrado na canela. Ela, que esbanja e toca, ainda que mal, com orgulho sua alfaia de maracatu, que jamais vai trocar um ensaio na escola de samba do seu bairro por nenhum sound system, atravessou o samba e não soube dizer a ele se ela mexia o chocalho. Ou se o chocalho ê que mexia com ela. A dona dos olhos coloridos teve medo. Não da violência do sul de Londres. Mas de ser a eterna ‘moça funky do chocalho’ que ‘tem um tufão nos quadris’. Ela se lembrou das ancas brasileiras que em geral estampam os cartazes e fotos que conclamam “vá ao Brasil’. E calou. E cantou: Meus olhos coloridos me fazem refletir…

autor: desconhecido


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