Se és capaz de manter a tua calma, quando
Todo mundo em redor, já a perdeu e te culpa,
De crê em ti, quando estão todos duvidando,
E para esses, no entando, achar uma desculpa;
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Se és capaz de esperar, sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
***
Se és capaz de pensar, sem que isso, só te atires
De sonhar-se sem fazer dos sonhos, teus senhores,
Se, encontrando a desgraça e o triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma, a esses dois impostores;
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Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas, as verdades que dissestes,
E as coisas por que deste toda a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te resta;
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Se és capaz de arriscar, numa única parada,
Tudo quanto ganhaste, em toda tua vida,
E perder e ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado,...tornar ao ponto de partida;
***
De forçar o coração, nervos, músculos, tudo
A dar, seja o que for, o que neles ainda exista
E a persistir assim, e quando exausto, contudo...
Resta uma vontade em ti, que ainda ordena: PERSISTE!...
***
Se és capaz de entre a plebe, não te corromperes,
E entre Reis, não perderes a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos, podes ser de alguma utilidade;
***
E, se és capaz de dar, segundo por segundo
Ao minuto fatal, todo valor e brilho:
Tua é a Terra, com tudo o que existe no mundo
E, o que é muito mais ainda
-és um HOMEM, meu filho.
***
(Rudyard Kipling)
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