A propósito do que somos e do que temos.

Você já parou para pensar o que é,

quem é você?

Se nunca o fez, vamos fazê-lo agora e,

se tem por hábito fazê-lo,

não custa repeti-lo.

O que é você? Quem é você?

Você é uma criatura,

brotada do pensamento e do coração

de Deus.

E quando digo ser você uma criatura

brotada do pensamento e do coração de Deus,

é para lhe relembrar que antes de você

vir ao mundo,

Ele já pensava em sua pessoa.

E mais, já lhe queria bem.

Mas, além de criatura de Deus,

você é uma pessoa,

uma pessoa humana igual a você

e jamais igual a quem quer que seja.

Você é uma pessoa.

Ontem não houve,

hoje não há e amanhã não haverá

outra pessoa que se identifique com a sua.

Você é uma pessoa semelhante à pessoa

de Deus.

E, por isto,

possuidora de uma dignidade que jamais

poderá ser perdida.

Tanto que, quando você erra,

fere esta dignidade, mas não fica sem ela.

Você é uma criatura, uma pessoa,

e se recebeu o santo Batismo, pode

considerar-se também filha de Deus,

ou seja,

alguém que pode e deve ver nele

não apenas o juiz e o Todo-poderoso, mas,

sobretudo, o Pai.

O Pai que lhe dispensa cuidados,

como um pai sempre dispensa

cuidados ao filho que gerou.

Você é filho de Deus.

Por conseguinte,

participante de sua vida,

cidadão de seu Reino,

com direito à posse da glória celeste,

herdeiro de suas divinas promessas.

Você é tudo isto.

E possui uma inteligência capaz de

descobrir e conquistar a verdade;

como possui uma vontade capaz de fazer-lhe

desejar o bem;

como possui liberdade que o torna

capaz de agir livremente;

como possui sensibilidade que o faz sentir

a presença e a beleza de tudo isto.

E além de possuir todas estas coisas,

possui você um nome pelo qual

os demais o identificam;

possui uma história que é a sua história,

esta que,

por mais que se pareça com a de alguém,

com a de nenhuma outra pessoase confunde;

possui uma série de dons,

de carismas e de talentos,

que colocados em funcionamento

só lhe trazem felicidade,

assim como também aos outros.

E, por fim,

você possui igualmente um temperamento

próprio que o faz não apenas ser,

mas possuir uma maneira própria de ser,

com aptidão para espiritualmente

enriquecer uns e ser também

espiritualmente enriquecido por outros.

Eis um pouco do muito que você é,

um pouco do muito que você possui.

A Propósito de Cristo

Cristo.

Você certamente o conhece.

E vai sentir-se mais feliz na medida em que

o conhecer melhor.

Você o conhece.

Mas não deve limitar-se ou se contentar

apenas em conhecê-lo.

Além de conhecê-lo, há de amá-lo.

Aliás é quase impossível conhecer, de verdade,

o Cristo e não se apaixonar por Ele.

Tamanho é o fascínio que sua pessoa

exerce sobre nós.

Quando se sabe da simplicidade com que

Ele viveu,

das maravilhas que Ele ensinou,

da verdade que Ele transmitiu,

da coerência que Ele manteve a vida inteira,

dos prodígios que Ele operou;

quando se sabe de tudo isto,

facilmente se chega à conclusão de que

a sua pessoa merece ser amada,

seus ensinamentos merecem ser seguidos.

Você certamente pertence ao número

dos que se confessam seus seguidores,

dos que estão decididos a segui-lo.

Não fique no meio do caminho.

Não se arrependa desta sua opção.

Ele precisa de você e você precisa dele.

Sendo assim,

jamais pense em andar por outro caminho

que não seja o que Ele aponta.

Às vezes, parece que,

principalmente em alguns momentos,

Ele nos abandonou.

Não é verdade.

Nessas ocasiões Ele não se ausentou de nós,

faz-se apenas presente de outra maneira.

Às vezes,

parece que Ele não nos ouve.

Não é verdade.

Nessas ocasiões,

não é que Ele não nos ouve,

mas somos nós que não o ouvimos,

querendo para nós uma coisa,

quando o melhor para nossa pessoa não é

o que queremos, mas, antes,

o que Ele quer.

Às vezes,

parece que Ele exige demasiadamente de nós.

Exige porque sabe que podemos dar o que

Ele pede.

Quando Cristo parece estar exigindo muito de nós,

é para que amemos,

de modo mais intenso,

e assim nos identifiquemos mais com Ele.

É para que entendamos que suas exigências

são feitas a fim de que nos tornemos

parecidos com Ele.

E como ver a presença de Jesus em nossa

vida?

Com uma contínua lembrança dele pedindo-nos:

alegria em nossa doação;

generosidade em nossa partilha;

equilíbrio em nossos juízos;

bondade em nossas atitudes;

firmeza nas nossas decisões;

amor sem restrições em toda

nossa vida.

***

Cristo

Não basta tê-lo estampado em gesso,

cerâmica, ouro, prata,

bronze ou em madeira na cruz.

É preciso transformá-lo em nosso lema de ação

e em nosso programa de vida.

Quem agir assim não irá arrepender-se.

Houve quem tivesse se arrependido por tê-lo

Abandonado, jamais por tê-lo seguido.

***

Reze dizendo:

Senhor,

Destes-nos o Cristo, o Cristo Jesus.

Fazei que cada vez mais sejam mínimas as distâncias

que dele ainda nos separam

e que caminhemos para dizer com São Paulo:

"já não sou eu quem vive.

É Cristo que vive em mim".

Paradas no Caminho

PREFÁCIO


A história da Igreja, desde o início,
é a história do alegre anúncio pronunciado
por Jesus na Sinagoga de Nazaré:
"O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova
aos pobres;
enviou-me para proclamar a libertação aos cativos
e aos cegos o recobrar da vista;
a mandar em liberdade os oprimidos,
a proclamar um ano de graça do Senhor"
O anúncio e o testemunho do Evangelho
são missão de toda a comunidade cristã,
mas sobretudo são dever exigente para aqueles
que o Senhor pôs como mestres e guias
do seu povo.
Aquele que chamou os primeiros discípulos
nas margens do mar da Galiléia
continua chamando e enviando também
hoje novos discípulos,
para que "a Sua voz ressoe até aos confins da terra",
como mensagem de esperança, de justiça,
de fraternidade e de paz.
Como luz do mundo, sal, da terra e fermento
na massa para a redenção universal.
Impregnadas deste anseio libertador,
as reflexões que Padre José Gilberto de Luna,
exímio pregador da Palavra de Deus,
nos propõe,
indicam meios e sinalizam caminhos a percorrer,
que nos levam a melhorar o nosso mundo interior,
para que possamos transformar e construir
um mundo melhor,
segundo o plano de Deus.
São também lições aprendidas no livro
da sabedoria da vida,
compartilhadas com todos.
Em linguagem clara e direta,
rica de conteúdo e bela de estilo,
o autor nos transmite preciosos ensinamentos
sobre o uso correto das riquezas e dos bens
materiais, a maneira de viver feliz,
o valor da verdadeira amizade,
a importância da liberdade dos filhos de Deus,
a dignidade do trabalho,
a necessidade de se banir o medo,
o bom aproveitamento do tempo,
a coerência do nosso ser e do nosso agir,
a necessidade de saber renunciar,
a nossa atitude diante do sofrimento,
a necessidade de perdoar, de agradecer,
de ser alegre e sadiamente otimista,
e de envelhecer sorrindo com a sempre
renovada juventude do espírito.
Tais ensinamentos, traduzidos em vida,
podem levar pessoas,
comunidades e a sociedade como um todo,
ao encontro de melhores dias na sua vida,
colaborando na construção de um mundo melhor.

**
(Mons. Walter Magalhães)