ADORO FLORES
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
CINCUENTA JANERU
Cincuenta anu di indadi!
Sodadi da mininici!
Mei longi da mucidadi,
Mais pertin da veici!
Filiz daqueli qui agüenta,
Sem discansá na subida,
I du premêru au cincuenta
Degrau da iscada da vida!
Mei sécru di izistença!
Siguinu a istrada du bem,
Não mi acusa a cunciênça
Di tê feitu mar a ninguém!
Discunhecenu a riqueza,
Inimigu da vaidadi,
Vivu na minha pobreza,
Muntu ricu di filicidadi!
Já na curva du caminhu,
Mi cunsideru muntu filiz,
Nu confortu e nu carinhu
Dus amigu qui já fiz!
Só uma coisa, somenti,
Mi ispremi u coração!:
- A sodadi impertinenti,
Das banda du meu sertão!
I hoji nessa mesmici,
Sintu a isperança já morta,
Mi alembru da mininici
I a lembrança mi conforta!
"Coração num inveiéci"
Anssim diz um véiu rifão.
Ama, sofri, chora i padeci,
Mais é sempri coração!
Puis inquantu u tempu passa,
Meu coração num si cansa,
Di fazê cum qui eu faça,
As traquinagi di criança!
Eu já varei muntus verão
Dona veici num mi ispanta.
Carru di boi lá nu sertão,
Quantu mais véiu mais canta!
I anssim, sempri cantandu,
Vô dona veici inludindu,
- Si vim prá vida chorandu,
Sigu prá morti mi rindu!
Anssim, minh'arma, danu risada,
Dêssi mundi, sem sodadi,
Vai-si, quandu fô chamada,
Pru sertão da Internidadi!
a) Divino - (O Poeta Sertanejo)
POETISAS
Amarilis, que passas no murmúrio lento,
Da voz dos rios, entre os silverais,
Dá-me, olvidar o padecer que aumento,
Lembrando os sonhos que não voltam mais.
Rosa Gandine, que sonhas na canção dolente,
Que a tarde, entoa no partir do sol,
Leva a saudade que minh'alma sente,
No colorido escrínio do arrebol.
Alma de Poeta, que espalhas a oração dos sinos,,
Quando a noite começa a se estender;
Pousa minh'alma nos umbrais divinos,
Onde a esperança nos ensina a crer.
Linda, que vibras no gorjear das aves,
Quanndo a manhã o espaço vem tingir;
Dá-me as delícias dos anseios suaves,
Que um grande afeto me fará sentir.
Ana Rita, que sabes do lamento triste,
Da voz do vento pelas solidões;
Seca este pranto que em meus olhos viste,
Dá-me que sinta novas ilusões.
Mônica, que vagas no cantar moroso,
Da mãe que embala o filho adormecido;
Deita, em meus lábios o licor precioso,
Do amor que traz um bem jamais sentido.
Simone, que inspira ternos enamorados,
Em madrigais de líricos arpejos,
Traz-me luz de poemas encantados,
Prá que em meus versos, se desfolhem beijos.
Júlia Teles, que roças pela ribanceira,
Por sobre as ondas, pela imensidade,
Me devolva a vida da ilusão primeira,
Me devolva a crença na felicidade.
Rosy, faça com que, com muito carinho,
Este meu dorido peito, em místico fervor;
Revele a alguém, num canto baixinho,
Toda extensão de meu mais profundo amor.
a) Divino - (O Poeta Sertanejo)
A propósito de estrelas
Não sei se me interessei pelo rapazpor ele se interessar por estrelasse me interessei por estrelas por me interessarpelo rapaz hoje quando penso no rapazpenso em estrelas e quando penso em estrelaspenso no rapaz como me pareceque me vou ocupar com as estrelasaté ao fim dos meus dias parece-me quenão vou deixar de me interessar pelo rapazaté ao fim dos meus diasnunca saberei se me interesso por estrelasse me interesso por um rapaz que se interessapor estrelas já não me lembrose vi primeiro as estrelasse vi primeiro o rapazse quando vi o rapaz vi as estrelas
Adília Lopes
Poema erótico
Tua língua gostosa, tão quente, tão louca
Preenche minha boca
Tão cheia de ardor.
Te afago o pescoço bem docemente
E beijo teus seios tão lindos, tão quentes
Como um beija-flor.
As mãos afagam a pele tão tesa
Tuas curvas me deixam com leve fraqueza
Meu corpo estremece em total tentação.
Com tantas fagulhas já te incendeias
O sangue se aquece, borbulha nas veias
Palpita, acelera teu coração.
A carne trepida, enrijece, lateja
Teu sexo implora, suplica deseja
Minha flecha certeira.
Pecar? Não importa. É delícia o pecado
No fogo da cama está sempre encostado
Um anjo atiçando a paixão na fogueira.
Os corpos se tocam, há fome, há suor.
A cada afago a vontade é maior
E o tesão aumentando no abraço, no beijo...
O corpo é que pensa, que dá todo o impulso,
O amor é um fruto de um ato convulso
De forte, de largo e sensível desejo.
Já louco penetro em tuas entranhas,
Me beijas, me lambes, me mordes, me arranhas
De dor e prazer.
Bem louca sussurras palavras insanas
Me engoles, me comes, me apertas, me esganas
Sedenta, faminta a gritar, a gemer.
Deliras, contorces, és toda fogosa
Tua pele arrepia, se aquece, se entrosa,
Acolhe meu corpo, suado e gostoso.
E montas, cavalgas num lindo compasso
E corre tão quente por entre o regaço
Teu químico gozo
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... E desfalecemos vibrantes, cansados
Ainda pulsantes, ainda suados
Deixando no corpo um perfume, um sabor.
Queríamos eterna essa hora tão boa
Pois Deus no seu leito de luz abençoa
O pecado do amor.
Hélio Cabral Filho