Dizem que as novelas brasileiras são as melhores do mundo.
Há tempos as novelas brasileiras fazem sucesso
em todas as esferas da sociedade,
inclusive são exportadas para cerca de 120 países.
Tem gente diz que não gosta de novela,
acho pouco provável,
todo mundo gosta um pouco e se não assiste porque quer,
às vezes assiste na marra ou apanha da Mulher,
da Sogra, da Tia, seja lá quem for.
É ou não é?
Eu mesmo já assisti um bocado, porém,
as mais antigas, bem melhores que as de hoje.
Mas vira e mexe saia uma novela legal.
Críticas à parte,
as novelas são sim um produto cultural bem brasileiro e,
diga-se de passagem, muito bem sucedido.
A primeira delas foi produzida em 1951
e de lá para cá a televisão brasileira já exibiu mais de 800 novelas.
As novelas são responsáveis
pelos maiores índices de audiência de nossa televisão.
A “campeã” foi Roque Santeiro,
novela exibida entre junho de 1985 e fevereiro de 1986
e que chegou a ter audiência média de 78%.
Um fato curioso aconteceu em 4 de outubro de 1972.
Naquela noite,
não houve um único entrevistado do Ibope
que não estivesse com a TV ligada na novela Selva de Pedra
que atingiu 100% de audiência.
Dentre as 800 já exibidas
há aquelas que por diversos motivos ficaram gravadas em nossas mentes.
Abaixo um pouco de algumas novelas que deixaram saudades.
Boa viagem no tempo.
Roque Santeiro:
A novela Roque Santeiro
foi escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva
e exibida pela Rede Globo entre 24 de junho de 1985
e 22 de fevereiro de 1986.
Mas ela já era para ter sido exibida muito antes disso.
Em 1975,
Dias Gomes escreveu a novela
para comemorar os 10 anos de existência da emissora.
A novela, porém,
foi vetada pela censura exatamente na sua noite de estréia.
Isso porque, de acordo com a censura da época,
a novela ofendia os bons costumes,
a ordem pública e principalmente a igreja.
A trama se passava em Asa Branca, no nordeste brasileiro.
Lá o coroinha conhecido como Roque Santeiro
morreu ao defender a população dos capangas do bandido Navalhada,
logo após o seu misterioso casamento com Porcina.
O povo então fez de Roque Santeiro,
um santo e lhe atribuiu uma série de milagres.
Só que o Roque, porém, não morreu,
e voltou à cidade anos depois.
E para complicar, a viúva Porcina
(que então já não era mais viúva)
já estava se relacionando com Sinhozinho Malta... e por aí vai.
A novela teve como protagonistas Regina Duarte (viúva Porcina),
Lima Duarte (Sinhozinho Malta)
e José Wilker (Roque Santeiro).
E foi na novela Roque Santeiro que os atores Maurício Mattar,
Cláudia Raia e Patrícia Pillar estrearam.
Um dos muitos pontos altos da novela
foi à sacudidela de pulseiras de Sinhozinho Malta,
acompanhada pelo som de uma cobra cascavel,
seguida por um
– “tô certo ou tô errado?”.
Irmãos Coragem:
A novela Irmãos Coragem,
escrita por Janete Clair,
foi ao ar entre 29 de junho de 1970 e 15 de junho de 1971,
na Rede Globo.
Produzida em preto e branco,
a novela unia um faroeste inspirado nos filmes norte-americanos,
futebol e romance.
Dessa maneira,
Janete Clair conseguiu colocar os homens pela primeira vez
em frente à televisão para assistir novela,
ao lado, é claro de suas esposas,
já que por trás de todo o bang-bang
havia os dois pares românticos mais famosos daquela época:
Glória Menezes e Tarcísio Meira e Regina Duarte e Cláudio Marzo.
Na novela, João Coragem (Tarcísio Meira)
é o irmão mais velho e encontra um diamante valioso
que é roubado de suas mãos pelo Coronel Pedro Barros,
o homem mais rico da cidade.
Para lutar contra as injustiças do Coronel,
João conta com a ajuda de seu irmão Jerônimo (Cláudio Cavalcanti).
Duda (Cláudio Marzo) é o outro irmão Coragem
e na trama é um famoso jogador de futebol
(a novela se passa
na mesma época em que o Brasil conquista a Copa do México).
Esta foi à segunda novela mais longa produzida pela Rede Globo
– 328 capítulos.
Irmãos Coragem também marcou a estréia de Sônia Braga na televisão.
Em 1995 foi feito um remake da novela.
Desta vez os três irmãos foram protagonizados por
Marcos Palmeiras, Marcos Winter e Ilya São Paulo.
Mas, como acontece com a grande maioria das refilmagens,
o sucesso não foi o mesmo.
Pantanal:
Pantanal foi escrita por Benedito Ruy Barbosa
e exibida entre o dia 27 de março e 10 de dezembro de 1990
pela Rede Manchete.
Isso mesmo.
Esta foi a novela que enfim bateu a audiência da Rede Globo.
E tudo isso poderia ter sido muito diferente
se a própria Rede Globo tivesse dado o espaço
que o autor havia pedido.
Benedito Ruy Barbosa escreveu a história
e a apresentou aos diretores da emissora,
porém, com um único pedido
– que a novela fosse exibida no horário nobre (20h)
e não mais às 18h
acontecia com as novelas anteriores que havia escrito.
Durante anos a novela ficou engavetada na Rede Globo
à espera de tal decisão até que o autor
não resistiu ao chamado do então diretor da Rede Manchete,
Jayme Monjardim,
prometeu exibi-la no horário que Benedito desejava.
Vale lembrar que a Manchete não levou apenas o autor,
mas também um grande número de atores globais
como Cláudio Marzo, Cássia Kiss, entre outros
A história se passa, é claro, no Pantanal,
no Mato Grosso,
e conta a saga da família Leôncio.
Joventino Leôncio chega ao Mato Grosso acompanhado de seu filho,
José Leôncio, nos anos 1940.
Ele se estabelece na região
e torna-se um dos maiores criadores de gado.
Com a carioca Madeleine Joventino tem outro filho,
Jove,
que mais tarde irá se apaixonar por Juma Marruá,
jovem selvagem e sensual.
A novela ganhou vários prêmios.
O cenário exuberante e os inúmeros banhos de rio de Juma
conquistaram o público.
E dezoito anos depois a novela foi exibida novamente,
desta vez pelo SBT,
superando novamente a audiência da Globo no mesmo horário.
O elenco contou com Cláudio Marzo (José Leôncio),
Marcos Winter (Jove),
O Bem Amado:
A novela O Bem Amado
foi escrita por Dias Gomes
e levada ao ar de 24 de janeiro a 9 de outubro de 1973.
Esta foi à primeira novela em cores,
além de também ter sido responsável
por consolidar o horário “nobre” das novelas.
O Bem Amado também foi à primeira telenovela brasileira
exibida no exterior.
Na época,
Lima Duarte era diretor de TV
e estava quase no fim de seu contrato com a Rede Globo
quando foi convidado a interpretar o personagem Zeca Diabo
– primeiro trabalho de Lima Duarte como ator global.
Para escrever a história,
Dias Gomes inspirou-se em um fato real ocorrido no Espírito Santo
onde um candidato a prefeito se elegeu
prometendo ao povo construir um novo cemitério.
Na trama da novela,
o prefeito Odorico Paraguaçu
tem como principal meta de sua administração
a inauguração de um cemitério,
recebendo o apoio das irmãs Cajazeiras
e sendo bastante criticado pela delegada,
Donana Medrado.
O prefeito passa então, boa parte do tempo,
“armando” para que alguém morra, porém, nunca consegue.
A novela consagrou o ator Paulo Gracindo,
como o prefeito Odorico Paraguaçu,
Emiliano Queiroz, como Dirceu Borboleta,
e mostrou ao Brasil o talento de Lima Duarte,
interpretando Zeca Diabo.
Caminho das Índias:
Glória Perez é a autora da consagrada e premiada novela
Caminho das Índias,
exibida pela Rede Globo entre 19 de janeiro e 11 de setembro de 2009.
Glória Perez,
que já havia experimentado trazer o mundo islâmico
para as telinhas brasileiras com a novela O Clone,
superou-se desta vez ao apresentar os costumes e tradições da Índia
A primeira fase da novela teve, inclusive,
muitas cenas gravadas lá.
A novela apresentou os pontos mais fortes da cultura indiana
como o sistema de casas,
o casamento arranjado pelos pais,
preparação interminável para um casamento,
“os intocáveis”, entre outros.
As palavras e expressões estrangeiras nas falas dos personagens
acabaram virando bordões nacionais como “are baba”,
“arrastar o sári pelo mercado” e “acender as lamparinas do juízo”.
a novela também apresentou temas mais sérios
como a esquizofrenia.
O personagem Tarso,
vivido por Bruno Gagliasso, era esquizofrênico.
A novela trouxe ainda a participação de doentes reais e psiquiatras.
Em termos de audiência,
Caminho das Índias começou mal e terminou bem.
Por volta da metade da novela
havia conquistado os telespectadores e teve uma média de 55 pontos.
Na trama,
Maya é uma bela e jovem indiana
que pertence a uma família bem tradicional.
conhece Bahuan, um dálit, que,
porém foi muito bem criado e vive nos Estados Unidos.
Os dois se apaixonam,
mas são inúmeras as dificuldades que encontram pelo caminho.
Manu e Kochi, pais de Maya,
arranjam para ela um marido,
Raj Ananda,
e Maya é obrigada a casar-se com ele.
Na história original,
o par romântico deveria ser até o final formado pelos personagens
Maya e Bahuan,
mas o público simpatizou tanto com o casal Maya e Raj
que a autora foi obrigada a mudar o enredo no meio da novela.
Bahuan acaba tornando-se o antagonista
e vai trabalhar na empresa dos irmãos
que vivem em pé de guerra.
A novela teve em seu elenco os atores Juliana Paes,
Márcio Garcia, Rodrigo Lombardi, Christiane Torloni,
Bloch, Letícia Sabatella, Alexandre Borges,
Humberto Martins, entre outros
Em novembro de 2009 Caminho das Índias
o Prêmio Emmy
– o Oscar da televisão,
como a melhor telenovela do ano.
Até a próxima.
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