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sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Alma dos Diferentes

Ah! O diferente, esse ser especial! Diferente não é o que
pretende ser. Este é um imitador do que ainda não foi
imitado, nunca um ser diferente.
Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns
menos em hora, momento e lugar errados para os outros.
Que riem de inveja de não serem assim. E de medo de não
aguentar caso um dia venham a ser. O diferente é um ser
sempre mais próximo da perfeição.
O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido
por pessoas menos sensíveis e avisadas.
Supondo encontrar um chato onde está um diferente, ta-
lentos são rechaçados; vitórias adiadas, esperanças mortas.
Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num
chato. Chato é um diferente que não vingou.
Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros
não os entendem. Os diferentes raivosos acabam tendo razão
sozinhos, contra o mundo inteiro. Diferente que se presa enten-
de o porque de quem o agride. Se o diferente se mediocrizar,
mergulhará num complexo de inferioridde.
O diferente paga sempre o preço de estar. Mesmo sem querer,
alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores.
O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual:
a inveja do comum; o ódio do mediano. O verdadeiro sabe que
nunca tem razão, mas que se sempre está certo.
O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais
de mãos dadas, e até mesmo adultos por omissão, se unem para
transformar o que peculiaridade e potencial em aleijão e carica-
tura. O que é percepção aguda em: "poxa, fulano, como você é
complicado". O que é embrião de um estilo próprio em: "você não
está vendo como todo mundo faz".
O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações os quais
acaba incorporando: só os diferentes mais fortes do que o mundo
se transformaram (e se transformam) nos seus grandes
modificadores.
Diferente é o que vê mais longe do consenso. O que sente antes
mesmo dos demais começarem a perceber. Diferente é o que se
emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham.
É o que engorda mais um pouco, chora onde outros xingam;
estuda onde outros burram. Quer onde outros cansam. Espera
de onde já não vem. Sonha entre realistas. Concretiza entre
sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados. Cria onde o
hábito rotiniza. Sofre onde os outros ganham.
Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Aceita em-
pregos que ninguém supõe. Perde horas em coisas que só ele
sabe importantes. Engorda onde não deve. Diz sempre na hora
de calar. Não desiste de lutar pela harmonia. Fala de amor no
meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta
mais de jogar que de ganhar.
Ele aprendeu a superar riso, deboche, escárnio e a consciência
dolorosa de que a média é má porque é igual.
Os diferentes aí estão: enfermos; paralíticos; engordados; ma-
gros demais; bonitos demais; inteligentes em excesso; bons
demais para aquele cargo; excepcionais, narigudos; arrigudos;
joelhudos; de pé grande; de roupas erradas; cheios de espinhas;
de mumunha; de malícia ou de baba. Aí estão, doendo e doendo,
mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.
A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem
moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capa-
zes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros de
ternura humana. De que só os diferentes são capazes.
Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja
suficientemente forte para suportá-lo depois.

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